A cantora nigeriana Dencia, chamou
atenção da mídia com a ideia de “livra-se” da cor negra. A artista usou um
creme clareador de manchas criado por ela.
Seria essa uma forma de chamar
atenção em uma tentativa de aumentar sua autoestima ou preconceito com sua
própria cor?
Essa atitude causou polêmica em
comunidades negras, por outro lado, indianos, norte-americanos e africanos já
compraram o produto para seguir seu exemplo.


“Branco significa puro”, este é o argumento da cantora. É um absurdo ouvir comentários como esse de uma pessoa que é, ou neste caso “era” de cor negra, em pleno século XXI, onde por mais que se lute, a cor escura continua menosprezada e a cor clara enaltecida.
Quando se trata de um assunto como este, não há como esquecer o preconceito para com as minorias, ou a maioria cobrada e marcada por estereótipos que nega o sujeito como individuo singular, mesmo sendo maioria em determinados espaço da sociedade, o esquema representativo social coloca a cor de pele como requisito para uma aceitação pela parte dominante de um grupo. Vivemos em uma sociedade que prega os valores estéticos como mais importantes, do que os próprios valores individuais.
Nas mais diversas partes do mundo
a cor branca indica status, as mulheres brancas são consideradas mais
atraentes, têm mais sucesso. Isso sim é um grande retrocesso cultural contra a
igualdade de raças tão necessária numa sociedade justa. Com a crescente
fluidez de movimento através de fronteiras internacionais, nenhuma sociedade
pode, verdadeiramente, reivindicar-se como homogênea. Assim, nenhuma sociedade
é imune ao racismo.
Arai et al. (s/d, s/p), afirma que
“O preconceito racial é visto como um elemento cultural intimamente relacionado
com o ethos social, isto é, como modo de ser, culturalmente condicionado, que
se manifesta nas relações interindividuais”.
Para alguns, a cor
negra pode implicar na percepção do sujeito como sendo agressivo,
marginalizado, entre outros, e é nesse sentido que Guimarães (1999) afirma que
o racismo é uma redução do cultural ao biológico, uma tentativa de fazer o
primeiro depender do segundo.
Ao falar sobre preconceito Aroldo Rodrigues diz que:
Quando estamos nos referindo à esfera do comportamento (expressões verbais hostis, condutas agressivas, etc.), fazemos uso do termo descriminação.Neste caso, sentimentoshostis somados a crenças estereotipadas deságuam numa atuação que pode variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais de desprezo e a atos manifesto de agressividade.
E por uma tentativa de ser aceito, muitos jovens abrem mão de sua identidade, esquecendo a historia sobre sua origem, conformando-se a entrar em um pensamento e comportamento de massa, deve-se acreditar que uma aceitação é necessária para existir aos olhos do grupo do repressor. Em uma sociedade em que a cor da pele é que vai dizer o quanto você é bonito, ou quanto você merece ganhar por seu trabalho, é o mesmo que fala que não existe o preconceito e que somos todos iguais.
Dencia não foi a primeira famosa a ganhar repercussão com a mudança da cor de pele, como também não será a ultima, influências como essas estará sempre presente em contextos onde os grupos negros são maioria. Ao contrario da cantora africana, à outros artistas negros que são referencias quando se trata da cultura e do reconhecimento como negros.
"Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos.
(...)Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa balançar."
Musica de Chico Cesar, respeitem meus cabelos, brancos.
A interferência na
construção da identidade nos grupos da sociedade é algo permanente, estamos
sujeitos a esses rótulos e conceitos sobre o que é aceitável, cabe a cada um
tomar para si o conveniente e viver de acordo com acredita ser confortável para
sua existência.
No meio de julgamentos em que vivemos, ao menosprezar alguém simplesmente por sua cor, este pode sofrer consequências como rebaixamento da autoestima, não se reconhecer com direitos e possibilidades, viver com um sentimento de inferioridade, entre outros. São muitas subjetividades pelas quais desenvolvem-se também o preconceito pela sua própria cor e a não aceitação de si. O racismo produz uma confusão interna que dificulta o negro a assumir sua identidade.
Pele escura deve ser celebrada e não clareada!
Imagem 1: Cantora Dencia, antes e depois
Fonte:http://www.jadeafrican.com/wp-content/uploads/2014/01/whitenicious-dencia.jpg
Imagem
2: Cantora Dencia antes e depois
Fonte: http://imagens.mdig.com.br/beleza/Denicia_Whitenicious_04.jpg
Referências:
Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30755
ARAI, Marcela Mari Ferreira. Relações raciais: identidade e preconceito. Disponível em:<http://www.uel.br/eventos/semanacsoc/pages/arquivos/GT%204/Marcela%20Mari%20Ferreira%20Arai%20.pdf >. Acesso em maio de 2014
ARAI, Marcela Mari Ferreira. Relações raciais: identidade e preconceito. Disponível em:<http://www.uel.br/eventos/semanacsoc/pages/arquivos/GT%204/Marcela%20Mari%20Ferreira%20Arai%20.pdf >. Acesso em maio de 2014
Guimarães,
A. S. A. (1999). Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo:
Editora
34
PIOTO,
L. Universo Online. Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/04/cantora-negra-aparece-branca-e-gera-discussao-sobre-racismo-e-autoestima.html. Acesso em: Maio de 2014.
RODRIGUES, A., Livro de Psicologia Social. Editora Vozes.

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