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DROGAS NA ADOLESCÊNCIA: SOB O OLHAR DA PSICOLOGIA

A adolescência é comumente definida como uma fase da vida, na qual o discurso sobre o adolescente (no senso comum) gira em torno de diferentes dizeres, tais como: “É uma fase de rebeldia”, “É a crise da adolescência” ou ainda “São as más influências que o levam a transgressão”. Contudo, é importante salientar que a Adolescência é uma construção sócio-histórica, onde esse termo perpassou por momentos históricos, como a Antiguidade, Idade Média, mas foi na Modernidade que essa categoria foi considerada especificamente um momento de crise, isso implica dizer que a noção de crise diz respeito ao sujeito problemático, que carrega a ilusão de uma ‘liberdade ideal’ proposta pela ideologia moderna.


Tom, o garoto de 16 anos de idade é um exemplo de adolescente em crise. Ele procura sua identidade, não mais se baseando nas orientações dos pais, o que o leva a identificar-se com um grupo, que segundo a Psicologia Social consiste em um conjunto de indivíduos que interagem e partilham uma mesma ideologia, tendo objetivos comuns e relações estáveis. Nesse contexto, Tom ao fazer parte de um grupo de adolescentes usuários de droga (maconha), acaba consequentemente transgredindo os valores defendidos por sua família, perdendo dessa forma sua referência e vivenciando uma crise subjetiva.
De acordo com o Psicanalista Calligares, para o adolescente ser reconhecido ele precisa transgredir, pois segundo o mesmo as condutas adolescentes estão atreladas aos sonhos reprimidos dos adultos. Ele acrescenta também que o adolescente Toxicômano, ou seja, o que faz uso das drogas é o que mais preocupa os adultos, tanto pelo fato das consequências penais quanto pela maconha ou crack darem a sensação de prazer imediato, matando dessa forma a sua procura, pois a droga parece satisfazer de vez o seu gozo e assim acredita que o objeto de consumo sirva para satisfazer seus anseios e desejos.
Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas ou (Cebrid), 5,2% dos brasileiros entre 12 e 17 anos são dependentes de álcool, 2,2% de tabaco, 0,6% de maconha e 0,2% de tranquilizantes. De acordo com uma pesquisa quantitativa feita pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PenSe), teve como população alvo 3,15 milhões de alunos da 9ª série nas principais escolas das cidades brasileiras de todas as 26 capitais, sendo que destes 75 mil alunos fumavam maconha e 15 mil fumavam crack.
O uso abusivo de drogas tanto lícitas quanto ilícitas, podem trazer malefícios a saúde, sendo assim o uso crônico induz a síndromes psiquiátricas semelhantes a depressão, ansiedade, pânico, mania, esquizofrenia e transtornos de personalidade. Diante disso, o serviço na Rede de Saúde Mental que pode ajudar o adolescente a sair do vício das drogas são os Centros de Atenção Psicossocial voltado para o atendimento de dependência química (CAPSad), que são instituições destinadas a acolher pessoas com sofrimento psíquico grave e persistente, estimulando sua integração social e familiar, apoiando-os em suas iniciativas de busca de autonomia. Outro serviço bastante importante é o Consultório de Rua, que consiste em uma equipe constituída por profissionais que atuam de forma itinerante, ofertando ações e cuidados para a população em situação de rua, assim como pessoas com transtorno mental e usuários de crack, e outras drogas, incluindo ações de redução de danos, em parceria com equipes de outros pontos de atenção da rede de saúde.
Na visita a Clínica Psiquiátrica Dr. Maia (PB), pude perceber através da observação, que uma boa parte dos homens que lá se encontravam, eram dependentes químicos (de drogas). Esta clínica conta com profissionais de Psicologia, Assistentes Sociais, Enfermagem, e outras, para cuidar das pessoas em sofrimento mental que lá estão. Suas estratégias no que diz respeito a forma de trabalhar com essas pessoas, está voltada para a produção de subjetividade através de oficinas, da dança, arte, além da escuta individual (ver imagens abaixo).
(Imagens de pessoas em sofrimento mental, dançando forró na Clínica Psiquiátrica Dr. Maia)

(Oficina com papel, lápis de cor e colagem realizada por pessoas em sofrimento mental) 


Por: Taisa Karoline de Lima

 REFERÊNCIAS
CALLIGARES, Contardo. A Adolescência. Folha Explica, 2ª ed. São Paulo, 2010.
CREPOP. Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. 1ª ed. Brasília, 2013.
MATHEUS, Tiago Corbister. Adolescência: história e política do conceito na psicanálise. 1ª ed. (Coleção clínica psicanalítica / dirigida por Flávio Carvalho Ferraz). São Paulo, 2007.
RODRIGUES, Aroldo., ASSMAR, E.M.L & Jablonski, B. Psicologia Social (21ª ed.).  Petrópolis. Rio de Janeiro, 2000.
Site:http://divulgapiaui.com.br/portal/consumo-de-alcool-e-drogas-entre-os-adolescentes/ < acesso em 18 de Maio de 2014>
Fontes: Imagem 1:http://divulgapiaui.com.br/portal/consumo-de-alcool-e-drogas-entre-os-adolescentes/  >Acesso em 18 de Maio de 2014

4 comentários:

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  2. Gostei da postagem, muito construtiva ! Vale ressaltar também a importância que as teorias da Psicologia Social traz para esses jovens, uma vez que eles estão inseridos numa sociedade que exerce influencias sobre eles, essas teorias vem dar um aporte para como tratar e entender eles nesse meio social. Por:: Luciana Rocha

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  3. - Quem dera se todas as pessoas, que são tão ignorantes a ponto de criticar sem ao menos conhecer o quão grande é o universo artístico dos usuários de saúde mental. A liberdade não é só uma questão de ter, mas também uma questão de ser e de viver. Parabéns pela postagem, muito bem focada e prática.

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  4. Obrigado gente. Acrescento que a pessoa em sofrimento mental deve ser vista com outros olhos: o olhar humanizado.

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